Os animais desenvolvem várias caraterísticas adaptativas para lidar com o seu ambiente. Entre as mais importantes está a viviparidade, uma estratégia reprodutiva que lhes permite dar à luz os seus filhotes sem os formar dentro de um ovo. No entanto, esta caraterística não representa uma categoria taxonómica nem é útil na classificação das espécies.
Pelo contrário, os mamíferos fazem parte de um grupo taxonómico que partilha características comuns e cuja espécie pode ser vivípara ou ovípara. Podes ficar confuso com esta frase, porque os mamíferos estão associados a animais vivíparos, mas na realidade existem grandes diferenças entre os dois. Continua a ler este artigo e aprende a reconhecê-las.
Neste artigo
O que é um mamífero?
Os mamíferos são na realidade uma classe taxonómica, a classe Mammalia, que agrupa organismos que preenchem as seguintes características:
- São homeotérmicos. Os mamíferos são capazes de regular o seu próprio calor corporal devido à sua elevada taxa metabólica. Portanto, podem colonizar ambientes muito frios a temperaturas abaixo de zero.
- Têm três ossos nos ouvidos. Martelo, bigorna e estribo (tirando espécies como o ornitorrinco e a equidna).
- Têm pelo em pelo menos uma fase das suas vidas. Os mamíferos marinhos também desenvolvem pelos durante o desenvolvimento embrionário.
- Têm glândulas mamárias. Estas estruturas são na realidade glândulas sudoríparas modificadas para secretar o leite. Esta caraterística é a mais importante do grupo e a razão pela qual todos os representantes do taxon são chamados mamíferos.
Este grupo é monofilético, o que significa que todas as espécies que o compõem têm o mesmo antepassado comum. No entanto, compreende seres vivos muito diferentes que vivem tanto na terra como na água. As suas capacidades locomotoras tornam-nos capazes de nadar, saltar, voar, correr e rastejar.
Em suma, os mamíferos são capazes de colonizar quase qualquer habitat e apresentam características diferentes consoante as espécies analisadas.
Tipos de mamíferos
A grande diversidade de mamíferos permite estratégias de vida novas e distintas em muitas das espécies. Usando esta abordagem, podem ser divididos nos três subgrupos seguintes:
- Monotremas: estes são organismos que possuem características ancestrais semelhantes às dos répteis. A mais representativa é a presença da cloaca, ou seja, o orifício de saída para o sistema digestivo, urinário e reprodutivo.
- Marsupiais: são muito semelhantes aos placentários, com a diferença de que o seu desenvolvimento embrionário no útero é muito curto. É por isso que as suas glândulas mamárias estão numa espécie de “bolsa”, porque nela os jovens acabam por se desenvolver enquanto bebem o leite da sua mãe. Esta membrana tipo bolsa é chamada marsúpio, razão pela qual receberam o nome de marsupiais.
- Placentais: a grande maioria dos mamíferos pertence a este subgrupo. Inclui todos os organismos que se desenvolvem completamente no interior do útero. Para tal, produzem uma membrana placentária que nutre o bebé no útero.
O que é a viviparidade?
A viviparidade é uma estratégia reprodutiva através da qual um bebé completamente formado é dado à luz. Isto significa que o desenvolvimento completo do bebé tem lugar no interior da mãe. Como mencionado anteriormente, este termo é utilizado para indicar uma característica extra do animal, mas não para o classificar taxonomicamente.
Para além da viviparidade, existem duas outras estratégias reprodutivas a que os seres vivos podem recorrer. Listamo-las abaixo:
- Oviparidade: caracterizada pela produção de ovos. O embrião desenvolve-se fora do corpo da mãe, mas dentro de um ovo que fornece todos os nutrientes de que necessita. Isto significa que uma única fêmea pode produzir mais descendência em cada evento reprodutivo, uma vez que os fetos não são armazenados dentro do seu corpo.
- Ovoviviparidade: este é um ponto intermédio entre a oviparidade e a viviparidade. Nesta estratégia, é produzido um ovo que permanece dentro da mãe, mas que só é libertado quando eclode. Portanto, os jovens nascem (aparentemente) vivíparos.
Cada uma das estratégias acima referidas oferece certas vantagens evolutivas para as espécies. Isto significa que cada animal “escolhe” aquela que lhe dá os melhores resultados em termos de sucesso no seu ambiente. No entanto, estas características não são específicas de um único grupo taxonómico.
Quais são as diferenças entre os mamíferos e os vivíparos?
Os mamíferos são um grupo taxonómico que partilham alguns traços. Por outro lado, a viviparidade é uma característica que qualquer espécie pode (ou não) ter, independentemente do grupo evolutivo a que pertence. Ambos os termos não são equivalentes e, na abordagem biológica, são completamente diferentes.
A confusão pode dever-se ao facto de os mamíferos serem geralmente vivíparos, mas há alguns que não o são. Por exemplo, o ornitorrinco, que é um monotrema, põe ovos. Por esta razão, é errado equacionar ambos os termos ou utilizá-los como sinónimos.
Os animais vivíparos podem pertencer a diferentes grupos taxonómicos tais como répteis, mamíferos, anfíbios ou peixes. Estes grupos são muito diferentes uns dos outros e nem todos os membros que lhes pertencem apresentam esta caraterística. Por esta razão, o termo ‘vivíparo’ é apenas utilizado para definir o tipo de estratégia reprodutiva de uma espécie.
Há répteis, como algumas cobras, que são completamente vivíparos apesar de não estarem incluídos no grupo dos mamíferos.
Como se pode ver, os mamíferos e vivíparos são grupos animais muito diferentes, embora apenas o primeiro represente uma classificação taxonómica válida. Isto não significa que seja errado usar um ou outro termo, mas sim que é necessário reconhecer de que grupo estamos a falar a fim de selecionar o termo apropriado.